A poucos dias da próxima eleição presidencial, a campanha eleitoral encontra-se no seu pico. Os candidatos desdobram-se em comícios, arruadas, discursos. A batalha pela atenção dos media e da boa imprensa é feroz.
Este é, então, o momento de observarmos as diversas máquinas eleitorais em acção. Dos Partidos políticos, isto é; e as suas concelhias e federações, os verdadeiros motores das mobilizações espontâneas e responsáveis únicos pelas salas e salões bem preenchidos e devidamente pré-fabricados para o efeito televisivo. Campanha eleitoral é, hoje, apenas percepção. Media e ‘spin' (e alguma, pouca, mensagem).
Os partidos preocupam-se quase exclusivamente com a cobertura mediática. Para tal activam as suas máquinas, alugam autocarros, distribuem bandeiras e brindes, desenham palcos e salas e elaboram ‘slogans' com graça e mal-dizeres. O retorno efectivo deste investimento é escasso. Apenas se deslocam e transportam convertidos a estes encontros encenados, muitas vezes a troco de uma visita paga, e com um bilhete de regresso no bolso. O efeito pretendido é causar a percepção de força, momento, crescendo. Sempre em crescendo até ao comício final, na capital ou em território politicamente domado. Percepção, é a aposta. Percepção construída e coreografada.
A mensagem política é, geralmente, fraca. Fraca e geralmente pouco interessante para os media - seus principais consumidores - que tudo reduzem a um ‘soundbite' e a uma peça de 30 segundos. O resto é ‘spin'. Blogues, comentadores, jornalistas engajados, twitter e facebook preparados para o ataque. É destas fontes que provêm os boatos e os ataques baixos. Mas também as releituras, as chamadas de atenção, as análises ponderadas e apresentadas como neutras e informadas. O ‘spin' tem o propósito de fixação da mensagem e da sua repetição exaustiva, além de permitir a exploração de linhas de discurso não possíveis aos candidatos, e o uso da artilharia suja fabricada nos quartéis-generais dos Partidos Políticos.
O efeito do ‘spin' é bem mais eficaz que o dos comícios. Daí o investimento recente que os principais partidos têm colocado nas redes sociais, nos blogues e na colocação e promoção de comentadores amigos. O ‘spin' atinge mais gente, menos envolvida nos partidos (por isso não alinhada, à partida), e tem um efeito mais prolongado no tempo, pois é facilmente duplicado e triplicado em redes sociais e blogues de boa visibilidade e impacto.
Temos tido, então, uma campanha sem grande conteúdo, debate ou discurso. Contentamo-nos com a obtenção de mínimos olímpicos, sem nunca demonstrarmos qualquer ambição de lutar pelo pódio, por medalhas. É, pois, então, tudo fraco, pouco emotivo, pouco criativo. Pouco real. Apenas percepção.
Mas estas não são, atenção, apenas características desta campanha presidencial portuguesa. Não. É o estado geral da política europeia (e mundial), o que não deixa de ser preocupante. Especialmente se nos recordarmos de que já houve outro tempo, e outras formas de estar na política
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