Em Portugal, a primeira década do século XXI foi marcada pela “tanga” de Barroso (tanga entretanto actualizada em versão europeia), e pelo progressismo social do governo de José Sócrates.
Com Barroso o país voltou a ter a oportunidade de recordar como a direita governa: sem ideias, sem dimensão social e sem perspectivas para o país; sendo a fuga de Barroso bem elucidativa de como os "laranjas" tratam dos assuntos de Estado: fugindo dos mesmos quando se lhes é apresentada uma melhor oportunidade de progredirem na sua carreira pessoal.
Já os governos Sócrates, mesmo mergulhados na maior crise económica e financeira dos últimos 70 anos e obrigados "contratualmente" a seguirem políticas neo-liberais de Bruxelas, recolocaram Portugal no caminho da modernização, com um bem desenhado plano tecnológico, alicerçado num conjunto de políticas sociais de clara marca progressista (de onde destacamos as políticas de Igualdade). Naturalmente que nem em todas as áreas a intervenção socialista foi bem sucedida; mas é bem evidente que Portugal dá, hoje, exemplos ao mundo em sectores como a investigação científica ou as energias renováveis, por exemplo. Talvez a maior crítica a Sócrates seja a de não ter conseguido encontrar alternativas progressistas nas áreas económicas e financeiras, e de ter apenas seguido as directrizes neo-liberais produzidas no ‘Berlaymont'.
Em todo o caso é importante sabermos as diferenças existentes entre um governo de direita e um de esquerda nestes tempos de incerteza e crise. A direita deixará sempre os mais desprotegidos para último plano, aumentando o fosso entre os mais ricos e mais pobres. Já a esquerda, mesmo seguindo as directrizes condicionadoras de Bruxelas, procurará sempre manter um conjunto de preocupações sociais de matriz progressista, não abandonando os mais desfavorecidos.
Julgo ser importante termos em consideração estas diferenças, numa altura em que nos preparamos para eleger o próximo Presidente da República. Portugal está numa situação política difícil, governado em minoria, onde o titular presidencial pode e deve ter um papel importante no equilíbrio do sistema político. Cavaco perdeu a oportunidade de intervir qualitativamente quando se recusou a opinar enquanto economista, preferindo potenciar uma estratégia de "estabilidade institucional" que tem dado péssimos resultados (visíveis no clima de crispação política latente no país). Já eleger Alegre significará promover uma visão mais cultural e solidária do sistema político, num momento de necessidade de valores humanistas.
São estas duas visões de Portugal que estarão em disputa logo no primeiro mês do novo ano, e da sua escolha muito se decidirá sobre a próxima década do nosso país. Teremos, então, de decidir se desejamos um Portugal mais solidário e humanista ou manter um presidente tecnocrata e pós-salazarista. A escolha, para mim, parece-me clara.
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