Temos assistido, nos últimos tempos, a constantes declarações que procuram potenciar a existência de um bloco central em Portugal.
Por princípio, sou contra Blocos Centrais. Essencialmente por estes representarem - em certo sentido - o "fim da política", da alternativa democrática, do combate em torno de propostas alternativas. Dito isto, admito que nas circunstâncias actuais é imperativo que o sistema político português consiga construir formulas estáveis de governação. Tal pode significar a alteração do nosso sistema político (procurando soluções em modelos maioritários) ou a construção efectiva de uma cultura política de negociação extra-partidária.
Um dos actuais problemas é o facto de o PS estar no Governo. E de ser este o partido que mais dificuldades tem de se coligar eficazmente. O PSD tem no CDS um parceiro natural, mas os socialistas encontram-se impedidos de se aliar à esquerda, até porque PCP e o Bloco têm assumido um forte discurso anti-sistema e anti-poder. Assim, resta ao PS negociar com a sua direita, campo ideológico que não é o seu território mais natural, apesar da recente deriva liberal seguida pelos socialistas no plano económico e financeiro.
Acresce ainda que os actuais lideres partidários (Sócrates e Passos Coelho) não estão formatados para conseguirem construir entre si uma relação honesta e prospectiva, que consiga criar condições para um Bloco Central eficaz e efectivo. Resta então, se se insistir nesta solução, esperar que internamente as elites partidárias do PS e PSD compreendam que necessitam de alterar os seus lideres e elegerem quem possa construir uma sólida ponte bi-partidária. O problema é que o nosso sistema partidário não tem esta cultura política e as elites dos partidos se encontram demasiado domadas pelas respectivas cúpulas.
Em muitos outros países europeus, situações como a vivida em Portugal, já tinham originado cisões no sistema partidário, à criação de novos movimentos e/ou partidos políticos (como um partido liberal ou centrista) e a uma intervenção forte da sociedade civil (ainda pouco significativa). Mas a nossa democracia construiu um sistema partidário que facilmente se acomodou às benesses da gestão do poder (local e nacional), que se cristalizou, e que impediu que se desenvolvesse uma cultura crítica dentro das estruturas partidárias. Assim, os partidos limitam-se a obedecer às decisões da sua pequena elite dirigente, e a esperar que não lhe cortem os benefícios que usufruem.
Neste cenário, resta-nos ir navegando neste "estado das coisas", e esperar pelo advento de uma nova geração de dirigentes partidários, nomeadamente no PS. Isto porque é evidente que a direita já entendeu que no próximo Verão estará no Governo e que pouco mais fará que gerir a crise. Já os socialistas terão de saber retirar as devidas ilações dos últimos eventos (nomeadamente a sua política de coligações), com o risco de que se não o fizerem, se ausentem da governação do país por alguns anos.
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