A política do século XXI é muito exigente. Provavelmente, mais exigente do que em qualquer outro momento da história. Devido à democratização do ensino, às possibilidades de viajar e à globalização da informação; os cidadãos europeus estão hoje melhor educados, informados e sofisticados. Isso permite que o nível de consciencialização política seja elevado e que as expectativas seja altamente exigentes, em particular dos Partidos Políticos.
Os actores políticos têm noção deste fenómeno. Afinal foi devido à implementação de uma série de políticas públicas na área da educação, à criação de uma sociedade virada para o conhecimento e ao aumento da integração europeia, que foi possível capacitar a sociedade contemporânea com novas ferramentas de interpretação do Mundo e da Politica. Mas, curiosamente, e justo no momento em que se assiste a este pico de participação da sociedade civil – visível no aumento do activismo político, físico e digital -, os Partidos continuam de costas voltadas para a nova sociedade que ajudaram a criar, não apostando nem na inovação nem na criação de novos protagonista; preferindo antes isolar as suas estruturas aos processos de modernização contemporâneos e manter obscuras as formas de selecção e recrutamento de pessoal politico, ainda demasiado ligados às tricas e jogos de influências que dominam as dinâmicas da democracia interna dos partidos.
Talvez por isso temos assistido, nos últimos anos (e especialmente após a verificação que parte da justificação do fenómeno Obama derivava da energia que este havia recebido durante as eleições primárias de 2008), a várias tentativas de colmatar este afastamento, nomeadamente introduzindo sistemas de ‘primárias’ para a selecção dos seus candidatos. A esquerda italiana já recruta os seus candidatos dessa forma, no PSOE decorre um interessantíssimo processo de primárias para a escolha do seu candidato/a à presidência da Comunidade de Madrid, e também no seio do Partido Socialista Europeu decorre um debate para que se organizem eleições primárias para a selecção do seu candidato à presidência da Comissão Europeia em 2014.
Para quando a transposição deste debate para a realidade portuguesa? Afinal, vivemos num dos sistemas partidários mais fechados e imobilistas da Europa; dominados, à esquerda e à direita, por directórios centralistas receosos de toda e qualquer verdadeira abertura à sociedade civil. As fracas tentativas e modernização dos Partidos portugueses tem falhado por falta de genuinidade e de persistência; mas, apesar da resistência das máquinas partidárias, julgo ser inevitável que, mais cedo ou mais tarde, a promoção de formas mais inclusivas e transparentes de participação na vida partidária sejam a norma seguida pelos principais Partidos políticos portugueses, o que significará, sem dúvida, um significativo salto qualitativo na qualidade da democracia portuguesa.
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