“There is no alternative” (TINA) é a ideia-síntese do actual discurso liberal europeu, cujo propósito é tornar inevitável o desmantelamento do Estado Social e implementar modelos teóricos (ultra) liberais que entendem que as sociedades humanas se devem organizar em Estados ‘Low Cost’ de soberania relativa, deixando aos privados, aos mercados internacionais e às suas elites oligarcas a definição e gestão do bem-estar colectivo. Esta ideia, repetida à exaustão e fortemente apoiada pelos canais comunicativos controlados pelos grandes conglomerados económicos, domina totalmente a narrativa institucional europeia, e serve de base legitimadora para as pretensões do governo português em refundar o Estado (e a República), procurando reduzi-lo, ao que parece, apenas às funções de segurança e representação externa. É ainda esta ‘TINA’ que tem justificado a necessidade divina de manter o rumo suicidário da austeridade portuguesa, agora homenageada num OE moralmente ilegal e eleitoralmente nulo que consagra na essência a precariedade e a miséria social como o centro das políticas governativas. Mas será que não existem alternativas? Claro que existem, várias, quer ao nível nacional como no patamar europeu.
Em primeiro lugar talvez fosse conveniente entender o quanto antes de que a política actual não se restringe ao que se passa nas ruas e nos edifícios institucionais de São Bento. Neste sentido, apesar da importância decisiva da intervenção governativa no espaço nacional e da necessidade em mudar o quanto antes o Governo, a verdade é que o acto eleitoral decisivo para alterar a direcção desta Europa será 2014, quando todos elegeremos o novo líder da Comissão Europeia e o Parlamento Europeu. Depois talvez fosse ainda mais essencial entendermos muito bem a natureza da nossa dívida pública, sabermos o que estamos a pagar, a quem e porquê. E estranha que o trabalho da auditoria cidadã à dívida (portuguesa) sofra de parco apoio político-partidário e de pouca atenção mediática. Finalmente, também seria importante desmontar o discurso da falta de alternativas às soluções da coligação PSD-CDS (e da Comissão-Barroso), bastando para tal consultar os sites do PS ou do PSE para sermos confrontados com diversas propostas concretas e de aplicação imediata.
Despida a TINA, tem faltado no patamar nacional a construção de um consenso político-partidário (e social) alargado que permita a substituição do XIX Governo, razão que talvez justifique a não intervenção de Cavaco. E a julgar pelas recentes intervenções do espaço político à esquerda do PS, a alternativa governativa passa cada vez mais por um governo maioritário liderado pelos socialistas ou por uma futura coligação PS-CDS, cenários que pouco contribuirão para a alteração do paradigma governativo. Assim, e infelizmente, resta-nos menosprezar (em certa medida) a politiquice nacional e concentrarmo-nos na promoção de uma coligação progressista europeia que consiga, em 2014, eleger um Presidente da Comissão que definitivamente mande esta TINA às malvas.
(artigo publicado a 4 de Dezembro de 2012)
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